30.11.05
29.11.05
subsídios para uma teoria do mundo, ii. mundo é a etiqueta de um absoluto, não do absoluto. ou seja, mundo é o rótulo de um absoluto menor, composto e humanamente vivido, parte do absoluto, o universo. o universo, esse, é o pleno, o mundo dos mundos, não o mundo na maior das escalas. 3.
28.11.05
26.11.05
subsídios para uma teoria do mundo, i. o mundo é um todo enunciado por parcelas de si, no interior de si. neste sentido, o mundo é a própria condição de si, uma totalidade, a condição do todo, e esse todo mesmo, narrado por partes suas. 3.
25.11.05
24.11.05
sob o signo de saturno, iv. os corpos de dione, tétis e pandora em alinhamento. como corpos de mulher, procuram os anéis. 3.
23.11.05
22.11.05
sob o signo de saturno, iii. tétis, mãe de aquiles, em cima, e dione, mãe de vénus, em baixo, são um jeito da maternidade dançada na disputa. 3.
21.11.05
19.11.05
sob o signo de saturno, ii. dione, mãe de vénus, em cima e em grande, e pandora, mulher das tormentas e da esperança, em baixo e em pequeno, jogam distâncias e tamanhos. 3.
18.11.05
multiplicação da culpa
não há âncora suficiente que nos
empreste porto. já não somos a
caligrafia justa sobre este lastro.
somos apenas o retorno, o regresso
ao pó, à simplicidade onde foi forjada
a equação, a origem.
a equação, a origem. sabemos ser aí
o domicílio da culpa.
por isso, pai, não acordes. há muito
que abdicámos da oração, do amor,
e somos apenas um, corpo fundido
e projectado na própria loucura. s. d’o.
17.11.05
sob o signo de saturno, i. dione, mãe de vénus, em dança orbital, ascende à vertigem da casa dos anéis. 3.
16.11.05
out of control
quando dizemos o segredo cinzelado
na carne?, quando?, se dizemos
constante, repetimos, a mão frouxa
que nos encosta à margem e revolve
no interior do dominío.
na carne?, quand..., se dizemos
o jogo das saídas, se dizemos
a única morada, se dizemos
o regresso.
vamos!, vamos! mas, quando vamos,
vamos marcados, como tatuados, pela
sequência que bateu o full house.
vamos ainda envolvidos pela muralha
que nos guardou a nascença. vamos
por ser insuportável o chão que
pisamos, o chão que pisamos sempre.
onde estamos?, onde sempre estamos.
é eterna a fuga que nos leva e
abandona aqui, corpo nosso, sede
do controlo que não podemos
ser. vamos.
mas não vamos. também não ficamos.
porque é simples, apenas escrita,
a loucura que nos faz plural.
porque não existimos e, assim,
desdobrado, duplo, me digo.
sou, comigo, a falência. não
a rendição. s. d’o.
15.11.05
prolegómenos a uma teoria do mundo. inaugurado o mundo, pela necessidade de reserva, definiram-se e construíram-se limites. primeiro com a superstição. depois com a imaginação. mas sob duas constantes, a geometria do medo e a geografia da diferença. 3.
14.11.05
psiquepaisagem, ii
se corpo, trazes o sopro e há, vê-se, uma
passagem entre as paredes, uma pausa, por
onde lanças o pólen e a fome. s. d’o.
12.11.05
geopolítica dos chãos. as fronteiras são simultaneamente biombos de medos, isto é, limites de reserva, e plataformas de conquista, isto é, linhas de ofensiva. e são assim tanto dentro quanto fora do corpo. 3.
11.11.05
psiquepaisagem, i
se corpo, o vislumbre da aguarela
onde navegas, onde vences e sangras
tangerineiras e freud. s. d’o.
10.11.05
corpometria. no triângulo explorado em die bitteren tränen der petra von kant, realizado por rainer werner fassbinder, dois dos vértices são mulheres e, por si, encontradas, desenham um círculo. 3.
9.11.05
o desenho das sombras
se luz, a luz vulnerável, linha extrema,
exilada, a durar no cálice, na caligrafia
do espanto, sobre uma película, contra
a violência das formas, das coisas.
se luz, uma luz. s. d’o.
8.11.05
resortland. o território é um chão protegido e compassado, produzido pelas presenças e ausências dos corpos, simultaneamente feito e cartografado pelos passos. 3.
7.11.05
vestígios
se lugar, para aí nenhuma navegação
há, nenhuma coordenada ou
sombra, nenhuma carta.
na língua autóctone, espera uma natureza,
uma macieira, posta em chão temperado
de domínio, astro aberto e respirado.
a palavra, como semente aí pronunciada, serve
para repor o artesanato divino
sobre as tábuas arquitectadas demoradamente
na oficina e no julgamento.
um artefacto, fios, ossos. os ossos
atados, laçados no artefacto. depois
a metamorfose, o traço das constelações
lavrado. as mãos sem ritmo a tocar
a cerâmica, o vaso onde o corpo se
fecha. e nenhuma testemunha do lugar,
nenhuma testemunha do tempo. s. d’o.
5.11.05
investigação. o que é amor?, o que pode ser amor?, o que é estranho?, o que pode ser estranho? numa personagem que diz i learned to stop worrying and love the bomb. 3.
4.11.05
natureza escrita a lápis
como pátria, desejou a noite,
os seus sons e ruídos, os
elementos de néon, a nicotina
incensada, a distância entre
os corpos, o cheiro do
café, as sessões de cinema.
em torno, espectros, demónios,
vozes, dançavam uma coreografia
de semelhança, dançavam o consumo
que tomba todas as manhãs. o espelho.
o reflexo.
como pátria, desejou a noite,
chão nocturno para vaguear
a vida. depois pegou num lápis
para escrever a natureza e
escreveu. o nome de deus foi
riscado na primeira redacção
do inventário. s. d’o.
3.11.05
sentido único. no corpo, descendência é para cima, não para baixo. decadência é outra coisa. 3.
2.11.05
1.11.05
revelação. em faust, realizado por murnau, há uma cena em que o que se vê sobre a cidade é o que se mostra entre e contra a luz. 3.
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