29.5.09
a day at the human race
uma palavra para dizer muito, civilização.
duas cadeiras e ninguém sobre o palco, a função
e a ausência. a percepção que introduz o observador
na cena, talvez o espectador. a agência e a paciência
antes de movimento qualquer. a entrada paga. que implicação
no que é?, que implicação no que será? a matéria inerte
e o lugar vazio são o argumento. não há naturezas mortas.
há só lugares sentados. e o paradoxo de o factor funcional
ser dependente da presença.
ser dependente da presença. a função cumpre-se pela presença.
mas a função é sobre a presença, espera-a e exige-a.
a tragédia começa antes de começar. a função não desaparece,
antecipa-se à utilização. como depois, antes desaparece o uso
também. o que emerge é a decadência, a erosão, o envelhecimento,
como elementos de representação da função e da sua potência.
para a função cumprir-se basta o sangue. mas, como a função,
a contigência está também presente. sucede a criação,
sucedem-se as criaturas. ninguém leu o manual das improbabilidades.
somos cavalos de corrida. e há apenas lugares sentados.
o que nos faz reunidos?, aqui, a esta hora, para a mesma hipótese.
a tragédia moderna. somos cavalos de corrida e pagámos bilhete.
o resto é clássico, amnésia. s. d’o.
27.5.09
25.5.09
9.5.09
o que trepida?, não sei. parece-me tudo seguro e firme.
já podemos esquecer a marquise fechada com alumínio.
os espiões acabaram, só existem nos filmes. nada mais há
para ver. sinceramente, não sinto a trepidação que dizes
sentir. o mundo está a cair?, é imaginação tua, não sejas
excessiva.
estamos abraçados. esquece a perturbação, esquece a agitação.
a revolução passou. agora podemos ser heróis, heróis à moda antiga,
com glória secular, não glória de ecrã, vã, que se extingue
num quarto de hora. podemos ser heróis épicos, como as rainhas
e os reis e quem tem um mercedes estacionado à porta de casa.
está bem, pode ser um problema se morarmos no quinto andar.
se esse for o caso, deixaremos o carro na garagem e utilizaremos
o elevador.
sem sombra, agora a promessa. podemos continuar abraçados.
o nosso amor é psicológico, não é cavernoso. a nossa história
é o nosso sangue e os enganos que transportamos nele. já não há
espiões. podemos simplesmente continuar abraçados. e, para arrefecer,
podemos despirmo-nos. ouvi dizer que somos animais de sangue quente.
queres experimentar? esquece a trepidação, esquece os espiões.
a revolução já acabou. agora somos só nós, tu e eu. s. d’o.
6.5.09
2004/2024 - serôdio d’o. & 3ás (escritos e subscritos por © sérgio faria).