o que trepida?, não sei. parece-me tudo seguro e firme.
já podemos esquecer a marquise fechada com alumínio.
os espiões acabaram, só existem nos filmes. nada mais há
para ver. sinceramente, não sinto a trepidação que dizes
sentir. o mundo está a cair?, é imaginação tua, não sejas
excessiva.
estamos abraçados. esquece a perturbação, esquece a agitação.
a revolução passou. agora podemos ser heróis, heróis à moda antiga,
com glória secular, não glória de ecrã, vã, que se extingue
num quarto de hora. podemos ser heróis épicos, como as rainhas
e os reis e quem tem um mercedes estacionado à porta de casa.
está bem, pode ser um problema se morarmos no quinto andar.
se esse for o caso, deixaremos o carro na garagem e utilizaremos
o elevador.
sem sombra, agora a promessa. podemos continuar abraçados.
o nosso amor é psicológico, não é cavernoso. a nossa história
é o nosso sangue e os enganos que transportamos nele. já não há
espiões. podemos simplesmente continuar abraçados. e, para arrefecer,
podemos despirmo-nos. ouvi dizer que somos animais de sangue quente.
queres experimentar? esquece a trepidação, esquece os espiões.
a revolução já acabou. agora somos só nós, tu e eu. s. d’o.