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almanaque de ironias menores

caderno de exercícios avulsos e breves, por serôdio d’o. & 3ás 

31.5.06


passagem pela inocência que nunca foi

do outro lado do muro, como sabes?,
sabes a escuridão travestida luz.
sabes, como sabes?, o amor, ainda
a mesma redenção, corpo a corpo,
e cresces.

cresces assim, como quem, por disposição
inata, sabe pontapear a bola e todas as
regras do futebol. cresces o rapaz que
espreita sob as saias, bebe cerveja,
levando a curiosidade, a melancolia
e a alegria. as tardes parecem
estender-se imenso. cresces
através delas, por elas.

mas sem pátria à vista, o que vês?
sem disfarce, o que vês na lucidez
que consegues?
sem máscara, quem vês no espelho?,
quem?, tu que cresceste. s. d’o.

referência

30.5.06


de deus. deus é uma das criaturas sobre as quais nunca se sabe o seu paradeiro. porquê? 3.

referência

29.5.06


vais

quando dizes adeus, dizes a tua
condição nómada. s. d’o.

referência

27.5.06


do património. o património é o que é antes da memória, das ruínas. 3.

referência

26.5.06


abate de um panorama

lá de cima, o mundo e as suas fronteiras
próximas revelavam-se como em nenhuma
outra posição. porém, hoje é o dia das ruínas
dessa superioridade. e o que sobra de uma criança
chora sem se ver. já não há esse lugar maior,
sustido nas suas seis pernas, alto, e a memória
não é chão suficiente para reviver o deslumbre
do cerco. é como se o cerco, também ele,
tivesse sido apagado. s. d’o.

referência

25.5.06


do engano. o engano é um erro inocente, se inocência significar inconsciência. 3.

referência

24.5.06


exercício de engano e dicionário

lê-me os lábios. o que significa
alienígena? o que significa
energúmeno? o que significa
medíocre? sim, o que significam
estas palavras? lê-me os lábios. s. d’o.

referência

23.5.06


o jogo dos anéis, i. este é o santuário das irmãs, titã, a grande, e epimeteu, a pequena, em peregrinação orbital permanente. 3.

referência

22.5.06


continuo à tua espera

vens vaga, por esta plataforma mediúnica, toda a noite,
a noite inteira, a ser a mesma voz, voz e brado,
canção e repetição, oração que não calo mais.
vens exacta e exactamente como te recordo,
memória e ressurreição no que dizes,
tão estranha quão perfeita, voz, a tua voz.
vens, vens sem caminho, como se viesses encontrar-me.
e eu aqui estou, à tua espera, como sempre te esperei,
aproximando-me de ti pelo silêncio e pela aguardente.
oiço-te porque não disponho da eternidade. demoro.
e, assim, chegas-me, sem corpo, canto apenas,
embalo de poema por lábios dormentes, espírito em dito,
dito em que acordo e concordo.
vens, regresso, para mim, como se a morte te devolvesse.
vens, vens ode, vens apoteose, vens sopro opiado,
vens como levada, volta que consigo testemunhar.
vens até que agora começa a ser manhã e eu, eu aqui,
continuo à tua espera e esperarei. s. d’o.

referência

20.5.06


da história. mesmo quando é tragédia - isto é, tensão pronunciada em sangue ou no sangue -, a história não dissolve a sua condição irónica. 3.

referência

19.5.06


dó, hino a sisífo

atravessamos quietos a tempestade
que nos traz a nós. e aí começamos
a ser quem já somos, repetindo-nos
eternos, como dor. s. d’o.

referência

18.5.06


da realização. a realização é a operação pela qual algo é realizado - isto é, pela qual algo é tornado realidade. e, enquanto isso, é um processo do mundo. 3.

referência

17.5.06




maiores fossem os corpos e todos
teriam uma única face, rota pura,
frente ou crescente. s. d’o.

referência

16.5.06


do mundo. o mundo é o pleno das realizações e dos enganos. 3.

referência

15.5.06


sol

da carta da luz, começam os lugares
a crescer. a sombra é o seu bordo. s. d’o.

referência

13.5.06


rir é o melhor remédio. pelo caminho, antes a suspeita do que a fé. 3.

referência

12.5.06




ida, como nas manhãs e nas noites
que vai, sem voltar, ficou, ela,
longe. s. d’o.

referência

11.5.06


patamar de ironia. sei o que sei, mas não sei, de saber, o que isso seja ou não seja. 3.

referência

10.5.06


si

no corpo vago o gume, traço
a talho a neblina, como se
não esperasse qualquer outra
crónica psicanalítica. s. d’o.

referência

9.5.06


da memória. a memória é o passado que chega dentro das pessoas, como vida que sobrevive à vida. 3.

referência

8.5.06




das mãos nunca a misericórdia
ou as irmãs que com ela concordam.
das mãos apenas o que tocam,
seguram ou cavam. s. d’o.

referência

6.5.06


do humano. o humano demasiado humano é um humano impossível ou possível apenas como limite e distância. 3.

referência

5.5.06


exercício de melancolia

se me trazem do tempo para trás, do
tempo sempre a ressuscitar, finjo
que não é assim. a placidez dos dias
é enjoativa.

engano-me. engano-me com a cumplicidade
do engano, cumprindo a desistência que
me investe. digo não quero saber, mas quero.
porque preocupa-me o resultado da safra,
porque não quero acontecer corpo desistido. s. d’o.

referência

4.5.06


da consciência. a consciência é uma ferida necessariamente aberta. se diferente fosse, seria apenas um circuito. 3.

referência

3.5.06


signo lunar maior

inquieto-me pela velocidade. admito
o corpo como modo consumado da vertigem
que reclamo.

sou demasiado centro, se sinto.
sou demasiado mosto, se mostro.
a órbita é-me fuga. a elipse é nocturna. s. d’o.

referência

2.5.06


da solidão. a solidão é retroprojecção apenas. 3.

referência

1.5.06


signo lunar menor

em mim, porque são as manhãs ou
qualquer outra forma de eternidade,
anseia a noite. s. d’o.

referência

2004/2024 - serôdio d’o. & 3ás (escritos e subscritos por © sérgio faria).