passagem pela inocência que nunca foi
do outro lado do muro, como sabes?,
sabes a escuridão travestida luz.
sabes, como sabes?, o amor, ainda
a mesma redenção, corpo a corpo,
e cresces.
cresces assim, como quem, por disposição
inata, sabe pontapear a bola e todas as
regras do futebol. cresces o rapaz que
espreita sob as saias, bebe cerveja,
levando a curiosidade, a melancolia
e a alegria. as tardes parecem
estender-se imenso. cresces
através delas, por elas.
mas sem pátria à vista, o que vês?
sem disfarce, o que vês na lucidez
que consegues?
sem máscara, quem vês no espelho?,
quem?, tu que cresceste. s. d’o.