& mundos, i. há várias figurações do mundo. uma delas, consequência de uma projecção more geometrica, propõe o mundo como círculo. é esta talvez a forma mais recorrente de representar o mundo entendido como composto e ordenado por determinação e em torno de um único elemento. mas será o mundo assim?,
31.12.05
& mundos, i. há várias figurações do mundo. uma delas, consequência de uma projecção more geometrica, propõe o mundo como círculo. é esta talvez a forma mais recorrente de representar o mundo entendido como composto e ordenado por determinação e em torno de um único elemento. mas será o mundo assim?,
30.12.05
nadja
uma campa sobre estacas. e, aí, sentada,
superior, ela lia sylvia plath,
ao mesmo tempo que olhava as manobras
dos falcões e combinava nelas
o talho escarpado dos alcantis. s. d’o.
29.12.05
tangência (revisão). o acto é a confirmação do gesto, a continuação materializada da potência que há no gesto, porque o gesto é o lance virtual no qual, ao fazer-se hipótese, se esboça e projecta o acto. por outras palavras, o acto é o acontecimento do gesto como acontecido. 3.
28.12.05
oração dos desaparecidos
cresce-se para o tempo das
colheitas, em que é suficiente
um gesto para reinaugurar
a hipótese, a suspeita.
é quando nos ossos acontece-nos
uma cruz. e, depois, em voo,
sob o predador, uma voz oculta
avisa o arquivo.
e fica registado, memória,
que alguém, sem caminho,
sem lugar, mas com relógio,
perdeu-se aqui. s. d’o.
27.12.05
tangência. o acto é a confirmação do gesto, a continuação materializada da potência que há no gesto, porque o gesto é o acto em lance virtual. 3.
26.12.05
estilhaços. começou. largou as suas mãos, os gestos num ciclo perfeito, contra o ébano. depois de pousar o formão, ao abri-las, ásperas, havia esculpido um altar. feita a obra, cortou os pulsos. desejou-se quieto, incapaz de repetir aqueles gestos. como deus, decidiu que aquela havia sido a sua derradeira missão. e procedeu à celebração do fim. ateou um cigarro. atiçou ainda mais a forja. sobre ela estava uma cafeteira de onde exalava o aroma de café. a penumbra cortou o altar. uma chávena precipitou-se sobre o chão. s. d’o.
24.12.05
anunciação, iii. porque de ti haverá nascer quem irá matar o teu pai. 3.
imagem © gustav klimt
23.12.05
é sob este signo que morres
quando manhã, sangue insone, as vozes
ainda te acusam. é o processo natural
das consequências, da vida,
do contágio.
a porta do quarto está fechada.
nada guarda.
o despertador marca o seu próprio
desaparecimento. talvez seja tarde,
já tarde, mas há ainda matéria para
a extinção, para o acidente.
condenas-te com um beijo, o último.
não há censura, por muito que insistas
em abrir e fechar os olhos.
este instante é este lugar, sem
luz, plataforma constelada,
continente bastante.
mas este instante é também
o enredo canibal, o corpo
peninsular quebrado.
uma fraga face ao teu peito, uma
adaga contra as tuas costas.
é sob este signo que morres. s. d’o.
22.12.05
anunciação, ii. mas sobre ti cairá chuva de ouro e em ti germinará fruto. 3.
imagem © tiziano vecellio
21.12.05
20.12.05
anunciação, i. serás guardada numa câmara recôndita, afastada da virilidade dos homens e dos deuses. 3.
imagem © rembrandt van rijn
19.12.05
17.12.05
roteiro, i. por que me trazes, pessoa, por este caminho de ti?, debruçado sobre. 3.
imagem © almada negreiros
16.12.05
gestacto, xv
cortou o pão, duas fatias,
para certificar a fome,
a sua e a dos outros comensais. s. d’o.
15.12.05
flashback. como exposto em crash, realizado por david cronenberg - e baseado no romance homónimo, de j. g. ballard -, somos o transporte e o condutor do que nos persegue. 3.
14.12.05
gestacto, xiv
arreou os panos do moinho.
depois, martelou, para esmagar,
os grãos, até à farinha. s. d’o.
13.12.05
tempidade. em smultronstället, realizado por ingmar bergman, depois do tempo morto no sonho de isak borg, durante uma viagem acontece a sua renascença sob a forma de mulher que lhe confirma a
12.12.05
gestacto, xii
acendeu o pavio da almotolia e,
sob o sol, saiu para a rua.
ao contrário de diógenes,
não para procurar um homem,
para procurar a sua sombra. s. d’o.
10.12.05
corpospenínsula. em bitter moon, realizado por roman polanski - e baseado no romance lunes de fiel, de pascal bruckner -, o sentido do drama define-se num beijo, beijo que é simultaneamente fuga e presença, beijo que é simultaneamente presença e fuga, em desejo que se vê. 3.
9.12.05
8.12.05
billy bob thornton não existe. the accountant, realizado por ray mckinnon, é um exercício extraordinário sobre os limites da
7.12.05
6.12.05
biblos bibelots. ninguém é os
imagem © vieira da silva.
5.12.05
3.12.05
convergência óptica, ii. por que é que o que se lê em maria gabriela llansol é? 3.
2.12.05
gestacto, viii
construiu uma casa e abriu
as portas. esperou. o mundo
haveria de entrar aí. s. d’o.
1.12.05
convergência óptica, i. por que é que o que se vê em graça morais é? 3.
2004/2024 - serôdio d’o. & 3ás (escritos e subscritos por © sérgio faria).