21.2.13
síncope pós moderna, tu cá, tu lá,
um cadáver entremeado, uma história
para acender como um cigarro.
há mais ou nunca. s. d’o.
19.2.13
em memória de quem?
estamos a morar nas perguntas, contingência e ofício
da demora, a observar pássaros. os gatos passam
para o sol, passam devagar, fazendo as perguntas
parecer aceleradas. o ritmo das orações ja não nos detém
precisos. há provérbios no facebook?, as perguntas,
haverá alteração ao imposto sobre o valor acrescentado?,
meus deus, estamos a habitar a dúvida, a que horas é o jogo
do benfica?, na sportv?, em memória de quem?, perguntas
cada vez mais difíceis e vitais. s. d’o.
7.2.13
uma vida lo-fi
sabe dos homens sozinhos, a cabeça que têm e a que não têm.
vê o alumínio pop deles, as marquises onde habitam, o cerco
onde já não ninguém quer esperar. também esperar o quê? s. d’o.
5.2.13
o reduto é ambíguo, mais recente do que a geração
erguida de si, portanto estranho à tradição, estranho
à sobrevivência. aparecem muitos lugares vagos,
a ressonância dos espectros, as cicatrizes coladas
ou cosidas nas fotografias, para que haja testemunho
e prolongamento desta paisagem. aparece o festival
íntimo, slow core, palavra após palavra até à canção.
o improviso substituído pela habitação, a hipérbole
substituída pelo consumo, a gratuitidade substituída
pela contaminação, pelo agradecimento, pelas grades
já sem as garrafas de cerveja, sem a rima e a sede.
isto é apenas o corpo numa história, o tempo escorrido
da forma dele, a passagem. mas podia ser o contrário,
outro fenómeno, a totalidade a que falta o pagamento. s. d’o.
2004/2024 - serôdio d’o. & 3ás (escritos e subscritos por © sérgio faria).