30.5.17
25.5.17
canção de amigo, vi
a ausência, o que está, como está, o simulacro
da correspondência, o que está também, como está
sempre. qualquer enunciado de amor deixou de ser
pronúncia suficiente. agora exige-se mais.
promete-me que morres sem repetição, o regresso,
um rumor que. s. d’o.
23.5.17
canção de amigo, v
calo-me. torno aos teus olhos, onde o mar,
a cor aberta e habitada dele e mais alguém.
quem?
a continuação. o jogo não obedece às regras
da remissão. s. d’o.
18.5.17
canção de amigo, iv
a morte não comove. porquê continuar? ainda estou aqui,
ainda. o sangue finge o absoluto. ouvem-se as vésperas,
as sicilianas. espero-te.
a insurgência está chamada, o manifesto não foi entregue.
morrer de amor é morrer só. s. d’o.
16.5.17
canção de amigo, iii
um corpo, deus ao lado, regressado e calado, matéria
quase perfeita. a cerveja espera. esta morte não tem nome
dentro do ofício das horas conhecidas.
quero apenas amar-te. sei que não basta. s. d’o.
11.5.17
canção de amigo, ii
entregas-me o que morre - escrevo a tua voz, acabou -,
imagino que para que possas abrir a forma do que,
através de ti, ainda pode vir, o reino confirmado após
a demora, contra todos os fantasmas que estão agora.
e se não? s. d’o.
9.5.17
canção de amigo, i
levantada a sombra dos teus ombros, uma frente
que se põe e repete. algo erra, falha. alguém mais.
sou eu.
não posso dizer que te conheço, posso apenas dizer
que te amo. que será assim outra vez, apesar da culpa,
culpa com atraso, em que não vacilo e a que recuso
despacho de alívio. s. d’o.
2004/2024 - serôdio d’o. & 3ás (escritos e subscritos por © sérgio faria).