extinção
erva, vento chão, perfume lento. também os pés
vão demorar a chegar. ultrapassam a tarde, alastram
o contágio, passo contra passo, o medo, o vinho.
os pés vêm descalços, anunciados assim. ele espera-a,
tem os joelhos travados no chão. é nessa posição
que aguarda e cumpre a promessa. sabe que tanto
do que teve perdeu-se consigo. assume o prejuízo,
não quer absolvição. de quê?, se antes algo o vinculou
ao privilégio de começar, concedendo-lhe quase a eternidade
repetida em cada manhã. agora tem o corpo a entardecer,
quieto na lâmina, a pele sem respiração, como quem sente
a morte que veio antes de a morte chegar. e o mais que vem,
que venha devagar, deseja ele, talvez desejo final, agora
que vê que ela já está próxima e que é para si que chega. s. d’o.