despejo por consentimento mútuo
sangue outra vez. estou com pressa, demoras?, não espero
pela resposta, é sangue, só ouço o que como murmúrio fica
para trás, excedi-me novamente. não sou delicado, tento
ser discreto. esta não é a minha estreia com fantasmas.
na imaginação costumam ser diferentes, cinematográficos
sobretudo, sem necessidade de manipulação ou efeitos
de pós-produção. aparecem quando acontecem apocalipses
íntimos, dispensam atmosferas, não entram nos ciúmes
ou nos crimes fáceis em que a voz é cruel, aparecem apenas
e ficam calados, como se se anunciassem para o assalto
através da presença.
onde estás?, já não estou, evitei-me a tempo de perceber
a ausência, o espectro dela. não estou na linha de passe.
posso ir ter contigo?, para quê?, tenho que sair, não posso
ficar, assalto-me.
estupefacientes quentes, tu ainda queres o meu paradeiro?,
o cavalo galopa na prata, ainda queres saber se estou aqui?,
continuo a não estar.
continuo a não estar. aproximo-me devagar, olá, não vejo
a emília a brincar, abre os olhos, estou quase a chegar?
ou é o fim a começar a acontecer? s. d’o.