3.12.10
eu consigo apenas morrer, fechou os olhos, modo de ficar
nocturno, não modo de alheamento, é o efeito prático
do que faço. s. d’o.
1.12.10
esta cidade permanece um risco. há algo
que não lhe dá dimensão ou crescimento,
algo de dentro. não sabemos o que se está a passar
aqui. como é que poderíamos saber?, não somos
plural, não somos. o que se está a passar
aqui deixa-nos para trás, sem identidade
de passageiros ou de passagem. o que fizeste
à memória?, perguntas-me - mas fui eu que fiz
a pergunta.
ouve-se o rumor do tempo que quiseste apagar
e que, pela presença insistente dele, te persegue.
não somos. estou contigo, a solidão é a mesma,
mais recíproca do que comum. o que se está a passar
ultrapassa-nos, a quetamina separa-nos do corpo.
esta cidade tem mortos que ainda não sabem
morrer. s. d’o.
2004/2024 - serôdio d’o. & 3ás (escritos e subscritos por © sérgio faria).