este vazio inteiro que enche a substância que és, que verte
da tua condição a ligação e a interrupção social, nada o detém,
é a sociedade a crescer, a constituir-se e a habitar-te, a anular
a vontade que possas ter de desprenderes-te de ti. esquece
os anjos, o auxílio deles. a tua salvação é o desprendimento,
não há outro modo de livrares-te da sujeição que te faz
o sujeito que és. apenas o desacoplamento de ti, a separação
da carne domesticada, soltar-te-á. o corte não é psicológico,
é ontológico. sofres por ser instância da instância
que te estabeleceu, instância sem nome ou autor, sem centro,
sofres anestesiado. és-me, sou-te, assim, precisamente assim,
ao mesmo tempo, porque o predicado e o tempo são comuns.
um de nós tem de morrer para morrermos ambos. s. d’o.