neste poema falta um gato. nada posso
fazer. chamei-o mas ele afastou-se
e enroscou-se, no lugar onde costuma
dormir, à espera de uma mão que o afague
onde ele está. não posso valer-lhe.
as mãos que tenho não alcançam as mortes
pequenas, estão a oficiar este poema,
uma sobre a folha, a outra a conduzir
a esferográfica, a escrever o luto
que não declaro ou pretendo, porque é fingido.
ainda vejo a luz contraída, o nevoeiro
parisiense, as pernas de uma mulher. s. d’o.