tuvalu (excerto iv)
havia muitos fantasmas à volta do corpo, recordo-me desse facto.
deixei de sonhar com ela por causa disso. a beleza provoca-me insónias,
os fantasmas distraem-me.
a margem estava demasiado próxima. a felicidade residia ali,
não além. como estava habituado à normalidade, eu via
fantasmas, não podia ser perfeito. ninguém é perfeito.
a margem estava demasiado próxima e o nível do mar subia.
há coisas que não se continuam a ver nestas circunstâncias.
o meu propósito devia ser alcançar a margem, salvar-me,
pelo menos tentar, fazer um esforço nesse sentido, mas eu permanecia
estranho para mim, tão quieto quanto a margem. era suposto que não
fosse assim, era suposto que fantasmas e normalidade não combinassem.
porém uns e outra concordavam de tal concórdia resultava uma ausência
maior do que a que era costume. a margem, a perfeição, quase o outro
lado, nunca aspirei a ela. a morte espera-me há muito tempo. s. d’o.