<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d6768210\x26blogName\x3dalmanaque+de+ironias+menores\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://almanaque-de-ironias-menores.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://almanaque-de-ironias-menores.blogspot.com/\x26vt\x3d8858308340356233877', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>
almanaque de ironias menores

caderno de exercícios avulsos e breves, por serôdio d’o. & 3ás 

31.8.09


pátria

uma noite de verão, o fogo, o fogo autêntico, que lavra
e galga como um sopro que transporta o ruído ardente
sobre a seiva e o manto vegetal, vejo-o através do televisor,
a avançar num lugar cavado na minha infância, na memória
remota de que aquele lugar que arde talvez tenha sido meu,
íntimo, nosso. ainda incrédulo, reconheço os limoeiros,
as laranjeiras e a figueira. as ruínas da adega são nítidas,
estão no sítio onde as imagino e onde as procuraria, se,
por algum motivo, tivesse que as procurar. e subitamente,
no meu ócio nocturno, estacionado em estupor, entra o ofício
do tempo que segue e que me devolve à origem, àquele chão,
ao horto, ao pomar e à casa que julgava já não existirem
há muito tempo, onde estagiei a carne e a vontade de fugir
tantas vezes. sinto agora, aquele lugar já teve um corpo
que não o mereceu, que não o podia ter merecido. no fogo
vejo o remorso que nunca consegui. nas cinzas vejo tudo
o que prometi. s. d’o.


2004/2024 - serôdio d’o. & 3ás (escritos e subscritos por © sérgio faria).