canção de olvido
trazemos os lugares que nos solicitam. partilhamos
o auxílio à morte, a hemorragia das horas e das dobras
através da qual o calor nos faz próximos da terra, filhos
dela. chegados, temos o desejo de tombar à sombra,
no vazio que dá ocupação ao corpo e o resgata.
postos na posição geométrica transportada, o ritmo da lucidez
é o do contraste, a luz. a sombra, que traz também a atenção
às coisas, não traz a contemplação, não é o dispositivo
de conformação às coisas. depois falamos de heróis e esquecemos
o caminho percorrido.
o espírito revolucionário é uma ligação à posteridade, que revela
o princípio mais do que o fim da tendência. a revolução não é
e não tem memória, é a animação de uma intenção. que fazer?,
a memória é um problema antigo. aqui, exactamente aqui,
o que há nela é património?, rumor de quanto se preserva,
ou é perda? s. d’o.