plateau anatómico
um corpo incindível e só a força que o trespassa
e se assenta na designação. o absoluto.
depois há uma vaga que ergue o princípio das coisas,
o êxtase da anunciação. a narrativa continua então,
sem o começo límpido que as regras lhe aspiraram
e sem o baptismo geral dos inícios e das coisas.
agora a metáfora como metáfora estende-se, elide
a condição própria e, no mesmo movimento ou lance
de lâmina, encontra-se com o seu apagamento.
ilude a sua denúncia, faz o seu desaparecimento.
com isto fico sem saber onde estou. um corpo
inteiro. coloco-o na jura e apoio-o. recebo a notícia
da pulsação. sou dentro de uma casa que é dentro
de mim. o plano raso, o ângulo morto. duas
da manhã, três da manhã, quatro da manhã. continuo
a esperar, respiro nas pausas certas. improviso
o abismo, a ânsia. inclino-me para a queda. e o corpo
não parte, também não resiste, nada. s. d’o.