psych folk, vii
é do hábito, mais do que da tradição. limito-me
a usar as palavras, lançando-as tão longe
quanto a minha mão destra consinta. em menino,
parece, tinha inclinação para a canhota, mas,
depois, com rezas, promessas e lições, comecei
a escrever com a mão direita. já disse?, é com ela
que lanço o que escrevo tão longe quanto consigo.
oxalá as palavras não tenham dentro alguém
que eu desejo perto de mim. as palavras fazem-me
falta por causa disso, aproximam-me do que não desejo
afastado ou perdido. declaro por escrito e parece
que a declaração deixa ao meu lado tudo o que contém.
não sei se a escrita é uma espécie de geometria
sem desenhos. mas talvez seja. s. d’o.