psych folk, iii
foram os meus dias inteiros, os primeiros, em regime rústico,
como o pão de côdea dura, a ver o que os outros nunca viram,
as mulheres a regressarem da lama, a preferirem a acidez
da fruta, o aço a traçar-lhes os pulsos, a agulha a afundar-se
nos seus braços, ao lado do filho que carregavam ao colo,
e elas sem tempo ou gosto para beberem chá, às cinco da tarde
ou às cinco da manhã, como as madames fazem nos salões
elegantes do mundo.
quando passaram por mim, uma delas, a mais nova, disse
às outras - e eu ouvi - a sua sorte por ter um bandido
que olhava por si, que a acariciava e lhe batia de modo igual
às horas e nos dias conformes à vontade dele, dizendo-o
com a certeza de a violência lhe arrombar a carne, mas,
ao mesmo tempo, nela também assentar um conforto
e um afecto que não conseguia imaginar sem o bandido
ou se ele estivesse longe. posta em si, ela não se considerava
ou dizia mais puta do que a vida que a fazia assim, dada
ao bandido que também a amava.
no campo as coisas são mais simples, talvez platónicas. s. d’o.