psych folk, ii
atenção: isto não é o lago dos cisnes. poderia ser, mas não é.
invejo o repouso dos sedimentos. acredito que a imunidade
aos males gerais chega pelo avesso da turbação. por isso fico
quieto a demora que posso, até a dormência atingir-me
os membros. depois levanto-me, saltito para desentorpecer
e dobro-me sobre o charco, até tocar-lhe com a ponta dos dedos,
abrindo elipses desalinhadas com a margem, que, depois,
se transformam em aros, como se, ao formarem-se os círculos,
a minha redenção tivesse sido pronunciada pelas linhas
de choque decorrentes do meu contacto com a água.
isto é estranho, bastante estranho, mais ainda porque acontece
em câmara lenta e suscita uma dúvida. os círculos que vejo
irradiam dos meus olhos? ou já lá estavam à espera
que os meus dedos os provocassem? s. d’o.