perfil a contra-luz
o edifício, a sequência, o significado,
o recital e o espólio dos vagares.
a maternidade intacta. o incêndio
e a precisão do contacto. a evocação
de artaud, a fragância nouvelle vague.
dizem a loucura, dizem-me a loucura.
porquê? sucedem-se as vítimas,
a mesma prudência, o documento único.
ninguém sabe onde está o arquivo. o medo,
ainda o medo. apocalipse, lipse, lipse, lipse, lipse, lipse, lipse, lipse, lipse, lipse, lipse, lipse, lipse, lipse, lipse.
o mercado e o cabaret. a máquina que faz tilt.
o traço eléctrico e a convulsão, sem revolução.
a pequena lança, a trajectória, a narrativa,
a radiografia, o processo de revelação.
que nada é abstracto, dizem. que nada
é concreto, dizem também. que é o véu,
que é o enunciado, que é o modo obscuro
e sossegado de tocar. a violência, o caso visado
e habitado. será especulação?, será banalidade?
será bem?, será mal? o espelho, a potência,
a imagem. fotografia, dizem fotografia.
dizem lúcida. dizem câmara. uma réplica, é
uma réplica. desconhece-se quem seja
que detém a matriz, onde tenha sido depositada.
no andar de baixo, o porteiro
já não sublinha os destaques. saiu.
também deixou de frequentar os leilões
da sotheby’s. não há herdeiros.
não há tapeçarias expostas nas paredes.
no ttrês ouve-se tom waits em mptrês.
permanece o risco sobre as convenções.
antes o rádio estava sintonizado na antena três,
agora o rádio está sintonizado na radar.
sempre frequência modulada e estereofonia.
tom waits. o tempo ainda encena a demora
e o tecido melancólico da excepção que,
sob a necessidade, suscita o caminho,
íntegro, para a morada da profanação.
agora. já. não se pode chegar tarde.
a luminosidade desvanece-se em crepúsculo.
não se pode chegar tarde. é-se polaroid.
já não se pode chegar tarde. s. d’o.