solitude ensemble
gostava de brincar com impossíveis.
passava os dedos nas arquitecturas
frágeis do fumo, até tocar a estátua.
seguia os traços até à carne, envolvendo-se
demoradamente nas suas margens, como se, aí,
fizesse anotações de carícia e de perdão.
mais tarde, já homem, talhava, sob
o regime da forja, a próxima composição.
e essa composição repetia um salmo,
primeiro, e um hino, depois, na mesma
sequência lenta com que outrora perdera
os dedos sobre margens que nunca existiram.
persistiu nessa repetição até se sentir só
e admitir conhecer-se. s. d’o.