ensaio de demiurgia. entre uma casa e outra havia um caminho. porém, excepto por casualidade, ninguém o usava. como o paraíso estava próximo, os homens erravam por ali consoante a vontade, vagamundos, nómadas, soltos de ir e de vir. todo o chão lhes servia caminho. foi aí que pela primeira vez os homens se transformaram em sentinela. todos, cada um por si, se converteram em esconderijo e olhavam os outros com suspeita. olhar tornou-se um vício e um modo de intimidade. até que um dia os homens inventaram as palavras e começaram a falar. ora acontece que, para se entenderem, porque cada um inventara e usava palavras suas apenas, os homens sentiram a necessidade de inventar um ponto de encontro. como entre uma casa e outra havia um caminho, passaram a encontrar-se aí para conversarem. e ao caminho, aquele, chamaram lugar. s. d’o.