aparição flush
i.
quase nada e sou. sem céu me digo,
sem escolta, nascido assim, uno e
descalço, digo-me como quase nada se diz.
sem céu, também sem chão, sou cúmplice
e satélite de mim, quase nada. reforço,
quase nada.
aconteceu-me a primeira morte e a segunda morte,
a terceira anuncia-se. fico e digo, como digo,
o ímpeto da charrua de nenhuma quimera,
apenas da terra, terra chã e quieta, aparentemente morta.
solto as mãos à alfaia, para a conduzir. nenhum sulco
é meu ou vosso.
clamo todos os caminhos, todos os regressos. o sangue também.
já não recordo os campos como quando os repetia todos os dias,
ciclo após ciclo, presente. agora (e)s(t)ou diferente,
mas ainda o mesmo.
testemunho-me e, por quem, quase nada é o testemunho.
avulso e íntimo, comum, sem majestade, comungo
as circunstâncias. dizem que é o tempo, o nosso tempo,
e o efeito das constelações e do seu ritmo zodiacal. a vida.
não sei. aprendi que, neste território de actos e factos e erros,
a identidade é uma malha que nos envolve e devolve,
condição traduzida em tempo nosso, meu. mas não sei.
recupero, enquanto somos, sou. sustento-me como lapso eterno
e próximo. exactamente assim, a mesma culpa. quase nada
e sou. é isso, o meu caso e o que o alcança, o que lavro aqui.
e lavro-o pelo formão, até ser verbo. s. d’o.