hemisfério de tempo
sem partir, renuncio aos murmúrios
que quedam na rebentação. procuro vozes,
clamores, não sopros vagos.
encontro a tábua das matérias. abro-a
e leio a primeira dissertação. sinto-me
trémulo. há palavras que vou descobrindo,
embora me seja tardio o seu sentido.
já não acredito no tempo liso, sequência.
e começo a imaginar o protocolo que regula
a dinâmica das ampulhetas e das clepsidras,
como se fosse a deslocação de uma carruagem
sobre o absoluto. imagino o tempo como
arrasto magoado, simultaneamente húmus
e tráfego, continuação. s. d’o.