tu, quem és?
calo as palavras. o silêncio diz-te com
mais verdade do que aquela que
eu seria capaz de dizer-te. calo-me.
nada mais sei de ti. por isso, digo,
não te conheço, és-me clandestina.
de ti sei apenas o que sei, vaga nota.
e o que mais sei é para além de
ti, são os arredores que te percebo.
sei que no mistério onde habitas
são mais as almas do que
as tuas trincheiras.
e sei que pelo caminho onde andas
são mais os demónios do que
os teu passos.
sei que na varanda onde dormes
são mais os fantasmas do que
os teus olhos.
e sei que no corpo em que foges
são mais as fomes do que
as tuas mãos.
agora calo-me. nada mais sei de ti.
e o que mais sei é para além de
ti. volto a calar-me. poderia continuar,
mas calo-me, para não me enganar. s. d’o.