<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d6768210\x26blogName\x3dalmanaque+de+ironias+menores\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://almanaque-de-ironias-menores.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://almanaque-de-ironias-menores.blogspot.com/\x26vt\x3d8858308340356233877', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>
almanaque de ironias menores

caderno de exercícios avulsos e breves, por serôdio d’o. & 3ás 

3.4.06


margem

goteja e a memória é dupla, água dobrada,
doce, salgada. por isso ela ficou, manteve-se
guardada na margem, a observar ainda o compasso
das vagas. só com os olhos, consegue escutar
o murmúrio tardio que ainda ressoa, que lhe vem
desde a casa de ontem.

passam os barcos, crescendo o tributo
ao rio que ali se derrama. há uma linha,
rota quase redonda, que para ela permanece
incógnita. confia e não a aflige isso,
habituada a acompanhar a navegação por
aquele caminho aquoso.

mas há um dia em que lhe é o alvoroço. começam
a aulir lamentos, sem tempo para as preces,
porque daquela gávea que foi já não se avista
porto ou beira. o fundo demora a penitência
e turva a superfície. os náufragos não regressam
como foram. tardam. as águas, as pequenas e as
grandes, ambas salgadas, encontram-se.

ela, porém, ficou mais uma vez. manteve-se guardada
na margem, como nos demais dias de outrora, embora,
agora, ali, ela, como arquipélago, continue à espera
do homem que, sabe, aquele lastro vasto já não conhece.
ontem levaram-no para terra firme, de onde não vai voltar.
é quase isso que ela carpe. s. d’o.


2004/2024 - serôdio d’o. & 3ás (escritos e subscritos por © sérgio faria).