o idílio urbano de constantino corbain
vi.
de onde promana a lágrima? que se vê.
ele regressou a casa. não quero o amor,
escreveu ele no seu moleskine. depois
de uma pausa, continuou, quero um corpo,
serventia para o fim. quero um corpo que jogue
a ausência, que me escape. apenas isso.
quero um corpo que não seja nem trunfo
nem triunfo. como uma gaveta fechada, onde
se escondem as cinzas. quero um corpo, não
quero o amor.
quero o amor. após escrever estas palavras,
traçou um longo risco. _______________________
assim, decidiu ele, haveria de acabar
aquela canção.
depois da decisão, inaugurou outro cigarro.
havia uma cidade lá fora para continuar
a dizer e a evitar. havia ainda amanhã,
certeza, não esperança.
certeza, não esperança. um corpo, não o amor. s. d’o.