o idílio urbano de constantino corbain
iv.
há um lugar, um lugar mulher, onde habita
a ausência, como uma vaga numa mesa
de jogo.
de jogo. nem a sorte nem a batota.
ele sabe. por mais emprestado à confissão
que o corpo seja, subsiste um resíduo
autêntico, um traço de sombra, um traço
de sal e sol, documento que não lhe permite
a redenção. apenas a paixão. joga-se
sobre aquela mesa.
acolhe a derradeira carta na mão. na
outra mão, a mais certa, segura um cigarro.
hesita. não quer ver o jogo. já sabe qual
é a penitência.
como ninguém, conhece aquele lugar. lugar
vazio, vazio de si, sem mulher. e começa
a imaginar.
a imaginar. se um escritor de canções joga assim
será para perder?, será para ganhar?
será para perder?, será para ganhar? a ressurreição
pelas mãos da croupier não explica tudo. s. d’o.