oito desenhos de paisagem
i.
a filigrana cortada na terra e a semente
nela desperdiçada.
ii.
a pele horizonte, o perfume pedra
manchado e o lugar aberto para
o interior de um espaço longínquo.
iii.
a silhueta do gesto morto ainda em
perseguição à sombra que foge.
iv.
a carne jogada como memória
dos famintos.
v.
o corpo, em dança, escrito,
a lápis, num moleskine.
vi.
o perímetro de uma palavra
a enunciar o limite, o silêncio,
a ensaiar a oscilação do fio
que aproxima, por trazer,
o mundo.
vii.
o soberano que procura construir
o chão e sobre ele ditar todos
os princípios cuja eternidade
o tempo permita fazer sítio.
viii.
as mãos ditas o domicílio inocente
do corpo e nelas a sua medida
e o seu alcance sempre inaugurado. s. d’o.