uma forma de ausência
havia-lhe um alheamento no olhar, embora
preservasse o brilho. já não discutia a hipótese
de interromper a eternidade e afirmar a glória
como a ausência de si mesma. e já não lhe eram
suficientes as naturezas e os infinitos que contêm.
a órbita da inquietude deixara de a iludir, a
vida deixou de lhe parecer arrumada como um
jogo. e, sentida, disse a parcela de nostalgia que não
se distingue do exílio, da fronteira da fuga, do lamento, da
vontade, sou eu, eu que não sou imortal e me confesso ao mar
e aos frutos, antes de adormecer e tornar a ser
a solidão que se preenche de um excesso de
auto-presença. s. d'o.